domingo, 7 de março de 2010

Afinidades - Texto de Arthur da Távola


Afinidade é um dos poucos sentimentos que resistem ao tempo e ao depois

A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil, delicado e penetrante dos sentimentos. É o mais independente também.
Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos, as distâncias, as impossibilidades. Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo, a conversa, o afeto no exato ponto em que foi interrompido.
Ter afinidade é muito raro. Mas, quando existe não precisa de códigos verbais para se manifestar. Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois que as pessoas deixaram de estar juntas.
Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos fatos que impressionam, comovem ou mobilizam. É ficar conversando sem trocar palavras. é receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.
Afinidade é sentir com, Não é sentir contra, Nem sentir para, Nem sentir por, Nem sentir pelo. Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo. é olhar e perceber.
É mais calar do que falar, ou, quando é falar, jamais explicar: apenas afirmar.
Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças. É conversar no silêncio, tanto nas possibilidades exercidas quanto das impossibilidades vividas.
Afinidade é retomar a relação no ponto em que parou sem lamentar o tempo de separação.
Porque tempo e separação nunca nunca existiram. Foram apenas oportunidades dadas (tiradas) pela vida.

TEXTO DE ARTHUR DA TÁVOLA

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