terça-feira, 31 de agosto de 2010

SE


Se és capaz de manter a tua calma quando todo mundo ao redor já perdeu

E te culpam de crer em ti quando estão todos duvidando,
E para esses, no entanto, achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;
Se és capaz de sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores;
De pensar sem que a isso só te atires;
Se encontrando a desgraça e o triunfo, conseguires tratar da mesma forma esses impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te resta;
Se és capaz de arriscar uma única parada tudo quanto ganhaste em toda a tua vida, e perder
E, ao perder, sem nunca dizer nada, resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos, músculos, tudo,
A dar seja o que for que neles ainda exista,
E a persistir assim quando, exausto, contudo restar a vontade em ti que ainda ordena; persiste!
Se és capaz de, entre a plebe não te corromperes;
E entre reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes;
Se a todos podes ser de alguma utilidade;
Se és capaz de dar, segundo por segundo, ao minuto fatal todo valor e brilho;
Tua é a terra com tudo o que existe no mundo.
E o que é muito mais -
És um HOMEM, meu filho.

(Texto: RUDYARD KIPLING)
(Foto:Wanderson Silva de Souza)